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Inovação e sustentabilidade movimentam setor de base florestal


Quase sempre associado à fabricação de papel, ao uso na construção civil e à produção de carvão, o eucalipto tem atributos que lhe destacam dentre as árvores mais presentes no dia a dia de pessoas em todo o mundo. Um dos destaques é o uso do eucalipto por meio da fabricação de celulose solúvel para as indústrias de alimentos, moda, cosméticos, medicamentos, tintas, esponjas e muitas outras.
As diversas aplicações sustentáveis e a importância do segmento para a economia da Bahia e do país foram debatidos durante o IV Congresso Brasileiro de Eucalipto, realizado nos dias 7 e 8 de agosto, em Salvador. Com mais de 30 anos de experiência no setor, Alberto Lima, gerente técnico de serviços da Bracell, foi um dos convidados do evento e abordou o processo de produção da celulose solúvel, destacando os grandes investimentos da Bracell em inovação, pesquisa e desenvolvimento de material genético adequado para o desenvolvimento de produtos de alta qualidade.
“A celulose solúvel se distingue da celulose para papel principalmente por seu alto teor de pureza”, explica Alberto. Esse grau de pureza é obtido a partir de processos adicionais de purificação do produto. Para se ter uma ideia, a celulose para papel tem um teor de pureza em torno de 92%, enquanto na celulose solúvel esse índice fica em torno de 98,5%. “Graças a estas características, a celulose solúvel pode ser empregada, por exemplo, na fabricação de cápsulas de medicamentos, comprimidos, material cirúrgico, alimentos congelados, molhos e iogurtes”, acrescenta. “Chegamos a avaliar até 1.500 materiais genéticos por ano para escolher, às vezes, um único material que será utilizado na fábrica”, revela o gerente.
A Bracell é líder mundial na produção de celulose solúvel e iniciou suas operações no Brasil em 2003, com a aquisição da BSC (Bahia Specialty Cellulose) e da Copener Florestal, renomeadas como Bracell em abril deste ano. A organização tem capacidade anual para produzir 500 mil toneladas de celulose solúvel e utiliza como principal matéria-prima madeira de eucalipto cultivado de modo sustentável em mais de 30 municípios do Litoral Norte, Agreste e Recôncavo da Bahia.

Sustentabilidade no desenvolvimento do setor
O congresso reuniu pesquisadores, profissionais do setor de florestas plantadas, lideranças políticas e setoriais, empresários e estudantes de engenharia florestal com o objetivo também de discutir alternativas aos obstáculos ao desenvolvimento do setor de florestas plantadas, apresentar avanços tecnológicos e oportunidades de negócios. Realizado pela Abaf (Associação Baiana das Empresas de Base Florestal) e pelo Cedagro (Centro de Desenvolvimento do Agronegócio), o encontro marcou ainda o lançamento do Bahia Florestal 2019, relatório que traz um panorama completo da cadeia produtiva de base florestal no estado e com referências ao Brasil. O relatório foi apresentado por Wilson Andrade, diretor executivo da Abaf.
Na Bahia, o setor foi responsável pela arrecadação de R$ 4,12 bilhões em impostos em 2018 e por 18,4% do total de exportações do estado, gerando mais de 234 mil empregos diretos e indiretos no estado. Lucas Teixeira da Costa, secretário de Agricultura do Estado da Bahia (Seagri), afirma que “o setor florestal tem um potencial enorme no estado, destacando que deve ser uma missão das empresas e do governo buscarem a sustentabilidade das atividades”. Na opinião dele, “com eficiência, a sustentabilidade acontece. Vamos difundir tecnologia e produzir ainda mais eucalipto na Bahia”.
Para Ricardo Alban, presidente da Fieb, o setor florestal é uma referência quanto ao entendimento de que “o desenvolvimento econômico deve contribuir para a preservação ambiental”. As empresas do setor preservam, em média, 0,7 hectare de mata nativa por hectare de floresta plantada – bem acima dos 20% determinados pela legislação.
Paulo Hartung, presidente da Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), enfatizou a competitividade do setor no Brasil e o compromisso das empresas nacionais em deixar um mundo melhor para as próximas gerações, graças aos investimentos e tecnologias em processos produtivos sustentáveis. “Plantamos árvores, retemos carbono e temos os maiores investimentos na recuperação e preservação de florestas nativas do país”, destacou.
O presidente da Comissão Nacional de Silvicultura e Agrossilvicultura da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária), Walter Rezende, parabenizou a iniciativa de debater a atividade florestal a fim de encontrar novas soluções para elevar a produtividade e trazer ainda mais benefícios sociais, econômicos e ambientais para o país: “Não temos que plantar sonhos; temos que plantar projetos e colher resultados”.
Investimentos sociais
Também presentes ao congresso, Mouana Fonseca, gerente de Relações Institucionais e Sustentabilidade, e Meryellen Baldim, coordenadora de Meio Ambiente e Certificações, falaram sobre os investimentos sociais e em preservação e recuperação ambiental da Bracell no estado da Bahia. Atualmente, os programas sociais da empresa alcançam mais de 50 mil pessoas na região de atuação da empresa.
De acordo com Mouana, os investimentos sociais se enquadram nos eixos de educação, empreendedorismo e diálogo. Por meio deles, a Bracell atua junto a gestores, educadores e estudantes da rede pública, pequenos produtores rurais, artesãos e microempreendedores, provendo qualificação e viabilizando parcerias técnicas e comerciais, além de promover a cidadania e a qualidade de vida.
Meryellen, por sua vez, apresentou alguns resultados do programa de monitoramento de fauna e flora nas áreas da empresa. Graças a este trabalho, já foi possível identificar animais e plantas raros, ameaçados de extinção e até mesmo espécies novas para a ciência, o que reafirma o elevado grau de conservação das áreas e sua importância para o conhecimento científico.
Expansão
De acordo com Alberto Lima, o mercado de celulose solúvel segue uma forte tendência de expansão. “Estima-se que a população mundial chegará a 9,5 bilhões de pessoas até 2050. Isso aumentará a demanda por alimentos, devendo restringir as áreas de cultivo de algodão e ampliando a demanda de eucalipto para produção de celulose solúvel”. Por ser biodegradável, a celulose - usada na fabricação de viscose – ocupa posição de vantagem em relação a outros tecidos, como poliéster, que tem origem fóssil e, portanto, vem de fontes não renováveis.
Em outubro de 2018, a Bracell adquiriu uma unidade em São Paulo destinada à fabricação de celulose para papel, e, no momento, trabalha em um grande projeto de expansão para ampliar sua atual capacidade de 250 mil toneladas anuais para 1,5 milhão de toneladas. Esta nova unidade será flexível, podendo produzir celulose para papel e celulose solúvel. Trata-se da maior e mais moderna indústria de celulose do mundo e o maior investimento privado dos últimos 20 anos realizado no Estado de São Paulo.

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