"Voltaram à cidade. Café levava fotos, Fernando culpa, e José Paulo as dores da lembrança".
Luiz Eudes, em "Cangalha do Vento", página 85.
Ao chegar ao ponto final deste novo livro do meu conterrâneo, primo e amigo Luiz Eudes, na manhã deste primeiro de janeiro, vem-me à lembrança algo lido há muito tempo em Monteiro Lobato:
"Somos todos bichos de goiaba podre. A terra em que nascemos é a nossa goiaba".
O que cabe como uma luva nos personagens de "Cangalha ao Vento", cujos destinos são marcados pela necessidade de deixar o seu lugar de origem, para a ele regressarem, movidos por uma força telúrica incontornável.
Luiz Eudes classifica este seu livro, com toda a justeza, como "Contos que se entrelaçam", significando isto que têm um encadeamento de capítulos de romance, com uma história levando a outra, numa saga familiar que começa em Aristeu, passa por José Paulo, segue com Fernando e assim vai, envolvendo gerações, diferentes cenários e tempos históricos.
Ao fundo, um mítico Junco, que na vida real é a cidade de Sátiro Dias, no sertão da Bahia, a nossa goiaba - de Luiz Eudes, Cristiana Alves, Ronaldo e Décio Torres, Marcelo Torres. E do autor destas linhas. E de mais e mais, como um paulistano de pais satirodienses, Ricardo Reis.
Em síntese: "Cangalha do Vento" entrelaça a história dessa terra com as estórias de sua gente. Com leveza, afeto, lirismo e virtudes outras que o leitor descobrirá, página a página.
A edição é da Conceito Gráfica e Editora, de Inhambupe, Ba, com prefácio do contista e poeta Fábio Bahia, ilustrações de Samuel Costa, capa de Allan Oliveira.
Felizes leituras, gente boa.
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