Era uma coisa muito acanhada, aquela lojinha com - sei lá - menos de dois metros de largura e uns três de frente a fundo. Ficava menor ainda com as duas enormes caixas de som na porta, o equipamento lá no fundo, discos de vinil - os bolachões – por toda parte. Bom, mas era bem do tamanho dele: Jairinho era baixinho, magrinho, pequenino. Essa era a Reve Disc, a menor e mais famosa loja de discos da região de Alagoinhas. E esse era Jairinho, um dos caras mais conhecidos da “Terra da Laranja”.
A Reve Disc era pequena, mas ousada. Naquela época, décadas de 70, 80, rádio com boa programação era uma raridade e televisão em casa mais ainda. A Reve Disc preenchia com primor esse vazio: os lançamentos musicais nacionais e internacionais chegavam a Alagoinhas com uma rapidez impressionante, porque Jairinho era “enorme”, um “gigante” para buscar as novidades lá em São Paulo, no Rio de Janeiro. Mas esse é o lado comercial, batalhador, daquela figurinha e sua lojinha. Há um sentido subjetivo, eu diria invisível, do que significou Jairinho e seus sons para, naquela época, a pequena Alagoinhas.
Eram sons que percorriam toda a cidade, em paixões, amores, saudades, momentos que só a música marca pro resto da vida. Sons inspiradores para os poetas, motivadores para os adolescentes que descobriam os prazeres da paquera, do namoro, da amizade colorida. Sons que terminavam como os melhores momentos de lazer com os Caciques ou com os Milionários nas festinhas de domingo, ou nos grandes bailes.
Jairinho proporcionou felicidade para grande parte da juventude de Alagoinhas. A felicidade que só a música é capaz de promover, porque a música marca, eterniza, constrói uma amizade, desperta um amor. E foi daquela portinha, acanhada, daquela lojinha tão pequena, que Jairinho fez do negócio dele um local de dias felizes para muita gente. Porque esse era o espírito dele: o prazer acima de tudo!
Edson Felloni Borges, jornalista, alagoinhense e frequentador da Reve Disc
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